terça-feira, 10 de abril de 2012

Os descasos com a classe trabalhadora e os novos ricos, que bebem uísques (Whisky) por conta do sangue dos trabalhadores e trabalhadoras deste país.


Por: Asarias Favacho: professor, sociólogo, especialista em gestão educacional e mestre em ciência da educação

Os descasos com a classe trabalhadora e os novos ricos, que bebem uísques (Whisky) por conta do sangue dos trabalhadores e trabalhadoras deste país.

             
          No período da consolidação do modo de produção capitalista, foi ideologicamente implantado nas concepções cotidianas dos trabalhadores do campo e da cidade, que o modelo de sistema capitalista facilitaria a vida dos trabalhadores, pois pregava-se, liberdade, igualdade, fraternidade, a livre concorrência e a possibilidade da venda da mão de obra dos trabalhadores. Essa base ideológica foi difundida a princípio na França e na Inglaterra, porque tais países foram o berço econômico e ideológico da sociedade capitalista.
           Após a consolidação do capitalismo percebeu-se que os tais princípios ideológicos pregados pelos burgueses foram mais uma vez, um ledo engano, pois os trabalhadores passaram a sofrer na pele os horrores aplicados e praticados pelos dirigentes do capitalismo (burgueses), assim como a classe operária percebeu a necessidade de lutar contra as barbáries pré-estabelecidas por tais dirigentes hegemônicos.
Vale lembrar que a luta por melhores condições de trabalho e por mais direitos aos trabalhadores na sociedade capitalista, remonta os medos dos séculos XVIII e começa a eclodir desde a primeira revolução industrial, através dos movimentos que possuíam concepções, marxista, anarquistas e sociais-democratas, bem como eclodiram movimentos e organizações ludistas, cartistas e as “trade-unions”( associações de trabalhadores) as quais lutavam contra a crescente e desordenada industrialização.
[...] Marcam época, na história da acumulação primitiva, todas as transformações que servem de alavanca à classe capitalista em formação sobretudo aqueles deslocamentos de grandes massas humanas, súbita e violentamente privadas de seus meios de subsistência e lançada no mercado de trabalho como levas de proletariados destituídos de direitos. “A expropriação do produtor rural, do camponês que fica assim privado de suas terras, constitui a base de todo processo”.( Marx. p. 830-1. )
 
             A crescente industrialização propiciou uma urbanização desordenada, “unicamente” burguesa, pois não admitia freios nem limites que propusessem qualquer forma de melhores condições aos trabalhadores(as) ou à sustentabilidade social; (nesse período não admitia-se se quer falar em auto-sustentabilidade, preservação eco-ambiental, formação de sindicatos, luta de classes...), todavia os trabalhadores lutavam corajosamente contra a grande carga horária de trabalho aplicada aos operários, a qual chegava a 16 horas diárias; lutavam também: contra a exploração do trabalho infantil, muito utilizado nas fábricas; contra a mais- valia (apropriação indevida na divisão dos lucros da produção, ou mais radicalmente, o roubo da mão-de-obra do trabalhador) como afirmou Karl Marx em sua obra salário preço e lucro admitindo que o salário que o trabalhador recebe é insignificante perante a riqueza que o trabalhador produz.
 A terrina de que os operários comem é cheia com todo o produto nacional e de que o impede de tirar mais dela não é a estreiteza da terrina e nem a escassez do conteúdo, mas a pequenez das suas colheres” (MARX, Karl, Salário, Preço e Lucro)
Passados mais de dois séculos das revoluções industrial e francesa e da mudança de hegemonia do capital, algumas décadas já centralizado pelos EUA, os operários continuam regados e acompanhados de mazelas e barbáries sociais, econômicas, culturais... Já os empresários conseguiram acumular mais riquezas à custa da exploração da mão de obra dos trabalhadores e das trabalhadoras.
No decorrer desse processo, principalmente no eixo urbano, acentuaram-se os bolsões de miséria;, cresceu a violência simbólica e física sobre os operários e funcionários públicos; no campo vários sindicalistas, defensores do meio ambiente foram assassinados e por fim, subiu notadamente o envolvimento de crianças e adolescentes no mundo das drogas e da marginalidade, bem como o desemprego é notório no estado capitalista:

"O desemprego é a face verdadeira do neoliberalismo. Seus efeitos são terríveis, como conhecem com clareza. Assistindo as suas mazelas. Ele retira do trabalhador as condições mínimas para lutar pelo salário. Hoje, o trabalhador luta. Principalmente, pelo emprego. E está perdendo essa luta . O neoliberalismo reduz as massas trabalhadoras a legiões de desempregados que perambulam pelas ruas, dormem nas ruas e não encontram lar (...)(Sodré Werneck,1999)"
O mais preocupante é que os fatos recentes ocorridos no Brasil, demonstram que o eixo central na produção capitalista não é tão diferente do início do século XVIII, mesmo porque o empresariado preocupa-se tão somente com a obtenção de riquezas, através da exploração da mão-de-obra dos trabalhadores. Um entre tantos fatos produzidos por tal sistema está ocorrendo bem próximo dos olhos paraenses, o individualismo, bem aplicado pelos dirigentes do capital, o qual contribuiu significativamente para que o trabalhador, a trabalhadora preocupe-se somente consigo próprio, esquecendo que a luta por direitos são bem mais coerentes quando lutadas de forma coletiva.
O fenômeno do individualismo não foi "privilégio" tão somente dos trabalhadores e trabalhadoras, também ocorreu nas organizações sindicais, nos movimentos estudantis; comunitários; étnicos e tantas outras formas de organizações que lutam de forma setorizada, sabendo que as lutas dos movimentos sociais, sindicais, estudantil.... são mais fortes e organizadas quando caminham unidos, como classe trabalhadora e não de maneira individualizada.
É fundamental recordar que os paraenses já enfrentaram a burguesia de maneira coesa, nesse período rompeu-se com o individualismo de categorias ou segmentos sociais. Para dar coerência a tal fundamentação é necessário relembrar alguns movimentos, fatos sócio-históricos abaixo citados, que eclodiram no Pará e contaram com a participação e organização de vários setores de esquerda, da igreja, de sindicatos, dos movimentos estudantis, dos indígenas, dos negros....:
  • A adesão do Pará a independência do Brasil; XIX
  • O movimento da cabanagem no século XIX;
  • A luta contra a ditadura militar no século XX;
  • A luta pelas diretas já e pela redemocratização do Brasil no século XX;
  • A resistência do MST como movimento revolucionário, o qual iniciou no Pará;
  • A luta pela meia passagem em Belém que levou centenas de pessoas as ruas desta capital;
  • A organização das comunidades, para deliberar a cerca do Orçamento Participativo em Belém no final da década de 90;
  • A proximidade e a união dos movimentos sociais e sindicais em defesa dos 17 sem terras assassinados em Eldorados dos Carajás;
  • Belém tornou-se a capital mundial da esquerda em 2001, quando abrigou centenas de revolucionários no Foro Internacional Contra o Neo-liberalismo e a Favor da Humanidade realizado na UFPA;
  • A união dos movimentos sociais organizados e da sociedade civil, para a não privatização da TELEPARÀ e da CELPA;
  • As homéricas greves dos professores, dos rodoviários, da construção civil; e tantos outros movimentos que paralisaram e engessaram a classe empresarial e o governo.
  • e a defesa da não divisão do estado entre tantos outros;
Quando foca-se nas análises das ações de vanguarda praticadas pela classe trabalhadora paraense, acima citadas, poder-se-ia elencar centenas de movimentos e ações qualitativos, os quais demonstraram e demonstram a unidade, a coerência, a força da organização dos trabalhadores e trabalhadores deste estado, esse fato deixou e deixa bastante atabalhoado muitos grandes e novos ricos, que bebem os seus uísques por conta do sangue ceifado de muitos trabalhadores e trabalhadoras deste país e do Estado do Pará.
Feitas as análises acima, torna-se necessário  que os dirigentes de esquerda,;dos sindicatos; dos movimentos populares; dos movimentos sociais; dos movimentos  estudantis e tantos outros unam-se para cobrar do estado as melhores condições de trabalho aos trabalhadores e trabalhadoras. Assim como deve-se verificar o verdadeiro inimigo da categoria dos trabalhadores, que são os grandes empresários, os latifundiários, os políticos picaretas, pois eles nutrem o estado de valores elitistas; dividem as categorias; mantém a mais valia sobre os empregados; nutrem um exército de reserva de mão de obra excedente no eixo do desemprego; hierarquizam o aprendizado intelectual; desqualificam, e tentam dizimar as concepções contrárias às do capitalismo; nutrem sentimentos de xenofobia aos nortistas e nordestinos; discriminam e alijam as religiões contrárias à hegemonia capitalista e por fim escravizam os nossos trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa pública e privada em uma industria cultural, hegemônica e consumista.
Porisso afirma-se a necessidade urgente da união das categorias que sofrem as mazelas criadas pelos hegemonicistas, e/ou pelo empresariado que pilham e apropriam-se indevidamente da produção dos trabalhadores e trabalhadoras do nosso estado.
Os proletários nada têm a perder a não ser suas algemas. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todo o mundo: uni-vos". Karl Marx e Friedrich Engels

“A ousadia e a rebeldia são os primeiros passos para construirmos a sociedade com bases comuns, não no futuro, pois esta fora plantada no passado por valorosos revolucionários. Necessitando continuamente ser regada por práxis sociais, acompanhada de formação política, de organização coletiva, de respeitabilidade e confiabilidade, assimilando que o futuro tem suas bases no passado, mas. Constrói-se no presente” (FREITAS, Asarias Favacho, 2009)

Referência:
Freitas, Asarias Favacho, A Literatura como Alternativa Sociológica. O Cotidiano Comum no Incomun: Chegando na Hora da Saída, Editora Sem Livros.Blogpost, Belém Pará, 2009.
Lênin, V. I, Que Fazer As Questões Palpitantes do Nosso Movimento, editora Hucitec - São Paulo, 1979
MARX, Karl. O capital. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.
SODRÉ, Nelson Werneck , A Farsa do Neoliberalismo, 6.ª ed, Graphia, Rio de Janeiro. 1999.

4 comentários:

  1. Parabéns professor, mais uma aula que o senhor nos dá sobre o devastador sistema capitalista. Precisamos nos unir para tentar derrotá-lo.

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  2. Fala Asarias, acredito que o capitalismo nos leva ao individualismo, mas é possível escapar dessa armadilha, assim como interesses coorporativos, politicos e de segmentos isolados conduzem os trabalhadores a um prejuizo ideológico, econômico e socicio-cultural.dua

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  3. Existem pessoas que dizem que é possível viver bem no capitalismo. Eu digo é possível viver bem no capitalismo uma pequena parcela da população. Viver mal uma grande parcela da população e viver na miséria uma grande parcela da população e viver mal a maior parcela da população....
    O capitalismo está para os empresários assim como a a miséria está para a classe que alimenta os empresários, ou seja os trabalhadores....

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